Possível contágio do mercado secundário de dívidas corporativas
Recentemente, a Recuperação Extrajudicial (RE) do Grupo Casas Bahia tem suscitado preocupações no mercado de fundos de crédito privado. Há uma possibilidade de que isso possa afetar significativamente a rentabilidade desses fundos devido à contaminação do mercado secundário de dívidas corporativas. No entanto, os gestores de recursos negam essa possibilidade e argumentam que a participação dos papéis emitidos pelo Grupo Casas Bahia no total do segmento representa apenas 0,17% do peso no IDA-DI.
Alta rentabilidade atrai novos investidores
Nos últimos seis meses, a rentabilidade do IDA-DI tem sido de cerca de 130% do CDI, o que tem atraído muitos investidores para os fundos de crédito privado. No entanto, com mais capital disponível, os gestores passaram a comprar mais títulos de empresas, aumentando, consecutivamente, o preço desses títulos.
“Spreads” diminuídos
Devido à maior compra de títulos de empresas pelos gestores de recursos, o spread dos títulos de crédito privado diminui. O spread é a diferença entre a remuneração do título e um índice de referência sem risco de crédito.
Carrego menos favorável
Como o spread dos títulos de crédito privado diminui, o carrego (a rentabilidade do título sem levar em conta potencial de valorização ou desvalorização) torna-se mais baixo. Atualmente, o carrego dos títulos de crédito privado é de aproximadamente 105% do CDI. Isso significa que é significativamente menor do que a rentabilidade média efetivamente obtida nos últimos seis meses.
Valor de face reduzido
A RE do Grupo Casas Bahia já teve impacto na cotação de mercado dos títulos. O título com código VVAR16 passou a ser negociado a 36% do valor de face, que é o valor do título corrigido pela remuneração estabelecida na sua emissão. Antes da RE, o preço era de 99% do valor de face.
Desvalorização de cotas
Para os fundos que possuíam esses papéis na carteira, o efeito prático é a desvalorização das cotas, que pode ser compensada com os rendimentos dos demais títulos da carteira. É importante ressaltar que os fundos de crédito privado possuem uma carteira bastante pulverizada.
Recuperação Extrajudicial “facilita” resolução de conflitos
Os analistas apontam que o fato de ser uma Recuperação Extrajudicial "facilita" a resolução de conflitos e tende a ter um impacto menor no preço dos ativos, porque é um processo mais rápido e menos custoso para a empresa e demais interessados. No entanto, em outras situações no mercado de fundos de crédito privado, o efeito de contaminação já foi visto. A esperança é que dessa vez seja diferente.